terça-feira, 31 de março de 2015

26M na USP: aliança entre estudantes e trabalhadores dos bandejões

por Denis Kawano



Na última quinta-feira, dia 26, como parte das atividades do Dia Nacional de Luta pela Educação, cerca de 200 estudantes da USP realizaram ato em frente ao Bandejão Central exigindo mais recursos para a permanência estudantil, a reabertura imediata de um dos restaurantes universitários (que foi fechado no início do ano, o que tem provocado filas ainda maiores), e reabertura das vagas cortadas nas creches. O protesto denunciou o desmonte da universidade que vem sendo realizado pelo reitor Marco Antônio Zago e pelo diretor da SAS (Superintendência de Assistência Social), Waldyr Jorge, que chegam ao absurdo de fechar leitos e ambulatórios de especialidades no Hospital Universitário. 

O Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), implementado pela reitoria no início deste ano, diminuiu o número de trabalhadores em todas as unidades da USP,sendo que alguns dos lugares mais afetados foram os bandejões. Antes do PIDV, os funcionários dos restaurantes já estavam sobrecarregados, tendo que realizar tarefas muito além do que é humanamente possível (cerca de 70% dos trabalhadores possuem algum tipo de lesão por esforço repetitivo). Agora, com menos efetivo, o trabalho nos restaurantes foi ainda mais precarizado, e a pressão e assédio das chefias só aumentam. 

Diante desse quadro de dificuldades para os trabalhadores, o ato dos estudantes adentrou o bandejão e se solidarizou com essa luta. Por meio de jograis, dialogamos com os que estavam ali almoçando, lembrando os cortes na educação realizados pelo governo federal e a situação da USP. Sob gritos de "Trabalhador, pode lutar! O estudante tá aqui pra te apoiar!", um grande exemplo de união foi dado: diversos estudantes ocuparam as bancadas, a cozinha, as pias, e passaram a realizar as tarefas dos trabalhadores! Estudantes serviram uns aos outros, lavaram as bandejas e os talheres, retiraram o lixo, limparam as mesas. O olhar de surpresa dos outros estudantes ao verem seus colegas servindo a comida, por vezes se transformou em ajuda concreta; muitos que não estavam no início do ato procuravam uma vassoura, um pano ou outra forma para colaborar. Os trabalhadores assistiam e orientavam o que devíamos fazer, enquanto as nutricionistas e outras chefias acompanhavam atônitas que os estudantes apoiavam quem elas cotidianamente assediam. A alegria de realizar essa demonstração de apoio aos funcionários contrastava com a triste constatação de como a situação é insalubre, de como a precarização da universidade afeta física e emocionalmente os que para ela entregam seu suor.

Os trabalhadores aplaudiram e se emocionaram com a iniciativa. Um exemplo de solidariedade diante dos ataques da reitoria, indicando que somente uma aliança entre estudantes e trabalhadores poderá construir uma mobilização forte, que arranque a contratação de mais funcionários, a reabertura do bandejão da prefeitura do campus, a reabertura de vagas nas creches e de leitos no Hospital Universitário. A ação do movimento estudantil escancarou a gritante falta de funcionários e deu um recado para a burocracia da universidade: trabalhadores e estudantes estão unidos contra a precarização!


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