Realizou-se,
no último sábado (20/10), com a presença de cerca de 20 pessoas, entre
professores da rede estadual e municipal, e jovens secundaristas e
universitários, o primeiro dia do grupo de estudos “Educação, escola e
marxismo”, impulsionado pela corrente Professores Pela Base junto à Juventude
às Ruas. A importância de este curso ser impulsionado por essas duas correntes
vem para que consigamos unir a teoria produzida pela Universidade à realidade
prática dos professores e, assim, partindo das raízes teóricas da causa da
precarização da educação, conseguir entender os concretos motivos para as lutas
travadas pelos professores da rede pública, e impulsionar uma juventude que se
alie a essas lutas, se levantando ao lado dos professores que vem questionando
a estrutura e precarização da escola e educação.
A
bibliografia dessa primeira sessão foi baseada em leituras de trechos de Marx e
Engels relacionados à educação, e também um capítulo do livro “Escola, classe e
luta de classes”, de Georges Snyders, onde o autor se remete a escritos de
Lenin e Krupskaia.
Partindo
de colocar que não há nenhum texto específico nem de Marx nem de Engels que
trate deste tema, a discussão passou por explicar e exemplificar conceitos como
“divisão do trabalho”, e a necessidade da escola tal como ela é hoje, criada
pela burguesia, para a manutenção desta divisão do trabalho e, portanto, do
capitalismo.
Dentre
as várias intervenções que foram dando corpo ao grupo de estudos, surgiram
elementos a respeito da formação cada vez mais técnica, criada justamente para
atender aos interesses dos novos campos de trabalho criados pelo capital.
Discutiu-se também como a escola possui um papel ideológico, pois não apenas
cria a mão de obra barata para o capitalismo, como o convencimento de que a
função dela é ser apolítica, um campo neutro em meio a uma sociedade dividida
em classes e interesses antagônicos. Nesse momento, entra o importante papel do
professor. Com exemplos tirados do cotidiano dos professores presentes no
curso, foi colocada a discussão sobre como é fundamental que os professores não
assumam um caráter imparcial, pois esta imparcialidade legitima as ideias
dominantes, que como Marx já colocou no Manifesto do Partido Comunista, são as
ideias da classe dominante.
Em
meio a outras discussões e exemplificações da realidade dos professores e
estudantes ali reunidos, a conclusão que foi tirada é que, dado o papel
ideológico e de manutenção do capitalismo que a escola hoje possui, não será apenas
a exigência de mais verba para a educação que transformará tanto a própria
educação, como a sociedade, como defendem alguns setores, teóricos e
organizações políticas, pois não se questiona para qual educação irá essa
verba. A educação hoje é voltada para a formação especializada de mão de obra –
com os vários cursos técnicos -, e a escola nada mais é hoje, do que um reflexo
da sociedade capitalista, dividida em classes. A luta por mais verba deve vir
acompanhada da luta por uma transformação da educação! Que essa verba seja
destinada para as escola e universidades públicas, e controlada pelos
estudantes, funcionários, pais e professores. Com essa verba, que sejam criadas
mais vagas nas universidades públicas, dando fim ao filtro social que é o
vestibular, e estatizando as universidades privadas.
Para
a próxima sessão do grupo de estudos, marcada para o dia 10 de novembro,
propomos a discussão sobre a pedagogia histórico-crítica, que hoje representa a
vertente marxista mais atual dentro da pedagogia, suas problemáticas e
implicações.
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