Por Pardal
Hoje, dia 31 de outubro, ocorreu uma assembleia dos estudantes de Letras da USP, um evento que tem sido muito raro na gestão Travessia (MES-PSOL e independentes) que dirige atualmente o Centro Acadêmico do curso, o Caell. Com esta assembleia, a segunda convocada em duas semanas com a mesma pauta (calendário eleitoral do Caell), a gestão pretendia votar novamente a data das eleições, já deliberada na semana anterior, pois a decisão anterior lhe desagradou.
Contudo, os estudantes ali presentes rapidamente descartaram esta pauta já vencida e apoiaram a proposta da Juventude às Ruas de discutir o tema dos ataques à favela São Remo, localizada ao lado do campus e onde moram muitos dos trabalhadores, particularmente os terceirizados. A São Remo está há diversos meses sob a ameaça – que já está se concretizando com a recente remoção de cerca de 140 famílias – do projeto de “reurbanização” (um eufemismo bastante cínico para o despejo dos moradores). Agora, a este ataque, soma-se um verdadeiro estado de sítio permanente implementado pela polícia na comunidade.
Nas últimas semanas foram diversos assassinatos, inclusive de crianças e adolescentes, pelo simples fato de estarem na rua após o “toque de recolher” que está instaurado pela genocida polícia militar. Ontem houve um avanço no projeto, com uma operação conjunta da polícia militar e civil para entrar na São Remo a pretexto de procurar os assassinos de um soldado da ROTA. A polícia passou a violar abertamente e sem pudores todos os direitos, invadindo as casas e revistando pessoas.
Diante deste cenário, os estudantes da Letras debateram estas questões em sua assembleia e deliberaram por se incorporar à reunião aberta que está sendo convocada para segunda-feira pelo Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Associação de Moradores da São Remo. Para começar a mobilizar o curso, ao término da assembleia da noite cerca de trinta estudantes passaram nas salas de aula, discutindo com os estudantes o absurdo da situação da São Remo, e colocando como a política de repressão da reitoria de Rodas está completamente vinculada a isso. A mesma polícia que reprimiu a mobilização dos estudantes em anos anteriores hoje está batendo novos recordes de genocídio da população negra em São Paulo, e não podemos nos calar diante disso.
A passagem em sala, em que estiveram presentes a Juventude às Ruas, o DCE e dezenas de estudantes independentes, infelizmente não contou com a presença dos que haviam convocado a assembleia “eleitoral”, que se transformou em uma assembleia para discutir a solidariedade ativa dos estudantes aos moradores da São Remo. Desta forma, mais uma vez o MES e a gestão Travessia mostram que estão longe de querer construir um movimento estudantil ligado aos trabalhadores e às demandas do povo pobre e negro que é excluído das universidades pelo filtro social do vestibular. A Juventude às Ruas tem orgulho de ter estado na linha de frente com os estudantes da Letras e chama todos a se incorporarem aos próximos passos das medidas de luta contra a violência policial e o despejo dos moradores.
Todos à reunião no Sintusp, dia 5-11, às 16h, para organizar a luta!
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