Manifestamos
aqui nosso completo repúdio ao ataque racista que o professor Dr. Edson Roberto Leite, ex-vice diretor da EACH-USP, cometeu contra uma
estudante ativista da EACH após a sessão da Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) “das áreas contaminadas”, nessa terça-feira (23/09) na
Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo.
Edson
Leite havia sido intimado judicialmente para prestar esclarecimentos e em seu
depoimento afirmou cinicamente mais uma vez que não teve relação com as
decisões do aterro ilegal no campus, o que minimamente já evidencia sua
negligência perante a comunidade universitária. Leite também tem um histórico
de autoritarismo: foi o responsável pela entrada da Tropa de Choque no campus
da USP Leste em 2013, que foi acionada para reprimir os estudantes que
legitimamente ocupavam a diretoria exigindo, entre outras coisas, seu
afastamento.
Justamente
por isso, após a sessão, estudantes foram questioná-lo e Leite, junto aos seus
advogados, se direcionou a uma estudante negra (linha de frente nessa e em
outras lutas, sendo uma ativista reconhecida no movimento estudantil da EACH) e
numa clara tentativa de desmoralizá-la disseram: “Vá se lavar”. A estudante
respondeu questionando se eles diziam isso pelo fato de ela ser negra e eles
apenas repetiram: “Vá se lavar”. Imediatamente os outros estudantes que ali
estavam pegaram câmeras digitais e outros dispositivos que pudesse gravar essa
declaração racista, mas dessa vez Leite e seus advogados se calaram.
Sabemos
que o racismo segue presente em nossa sociedade e na universidade não é
diferente. Ao contrário, como é gritante nesse caso, o racismo é uma questão
que permeia todos os debates sobre educação superior. Sabemos por exemplo que
apesar de serem a maioria da população brasileira, são justamente os negros os
que menos têm acesso às universidades. Esse número despenca assustadoramente
quando se trata das universidades públicas. O caso da Universidade de São Paulo
é ainda mais agravante, pois sua estrutura de poder, que está intrinsecamente
ligada a ditadura militar, se nega a debater medidas de democratização no
acesso, como as cotas raciais e sociais e o fim do vestibular e também medidas de
permanência estudantil, que são as que garantiriam o direito ao estudo àqueles
poucos pobres e negros que conseguem entrar na USP. Nessa universidade, a
maioria dos negros está na categoria de trabalhadores e, dentro dela,
geralmente assumindo os postos de trabalho mais precarizados, como é o caso dos
trabalhadores terceirizados. Na reunião do Conselho Universitário que pautou a
discussão sobre cotas, por exemplo, alguns diretores afirmaram que o índice de
violência na universidade aumentaria caso aumentasse o número de estudantes
negros e/ou oriundos de escola pública. Outro exemplo é a brutal agressão racista
que estudantes da Escola Politécnica cometeram contra um estudante negro dentro
do Centro de Práticas Esportivas (CEPE) também no ano
passado.
Por
entendermos por um lado que Leite não é o único racista frente à direção da
universidade e sim que é mais um dos que estão – apoiados na estrutura de poder
autoritária – servindo a um projeto de universidade cada vez mais racista e
elitista e que sirva inclusive aos próprios interesses desse setor e, por outro
lado, justamente pouco depois de uma vitoriosa greve da categoria de
trabalhadores e professores, que mostrou a força dos que realmente constroem a
universidade pública e de qualidade, por vermos como o debate entorno do
racismo e seu combate volta a surgir no cenário nacional, mas também
internacional, não podemos tolerar que criminosos como esse sigam impunes,
fazendo da universidade que deveria ser para todos, um balcão de negócios dos
seus interesses.
Colocamos
aqui toda nossa solidariedade a estudante e reafirmamos que não nos calaremos
diante de crimes de racismo dentro da nossa universidade. Seguiremos junto com
ela na luta pela punição a estes criminosos, mas também na luta por um projeto
de universidade não racista e não elitista que sirva aos interesses da
população que a financia.
“Minha cor não é sujeira! Sujeira é a
contaminação da EACH!”
“Fora Edson Leite e toda essa corja
corrupta e racista da EACH e da USP!”
Assinam:
Juventude Às Ruas
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional
Movimento NOSSA CLASSE
Grupo de Mulheres Pão e Rosas
CAELL - Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários - USP
CASI - Centro Acadêmico de Sistemas de Informação - UFRA
Levante Popular da Juventude
DCE - Diretório Central dos Estudantes - UFRA
Território Livre
CEAGRO - Centro dos Estudantes de Agronomia - UFRA
Reconquistar a UNE
ANEL - Assembleia Nacional dos Estudantes Livre
FEAB
SINTUSP
Assinam:
Juventude Às Ruas
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional
Movimento NOSSA CLASSE
Grupo de Mulheres Pão e Rosas
CAELL - Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários - USP
CASI - Centro Acadêmico de Sistemas de Informação - UFRA
Levante Popular da Juventude
DCE - Diretório Central dos Estudantes - UFRA
Território Livre
CEAGRO - Centro dos Estudantes de Agronomia - UFRA
Reconquistar a UNE
ANEL - Assembleia Nacional dos Estudantes Livre
FEAB
SINTUSP
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