Há na juventude algo
de distinto: ela expressa agudamente todas as contradições,
energias e “tensões” que se apresentam numa sociedade dividida
em classes. Não à toa é a juventude que, muitas vezes, se mobiliza
primeiro e tem um papel muito importante nas lutas: é na juventude
que se expressam as energias mais renovadas de gerações que não
carregam as derrotas do passado e que se inquietam profundamente com
o futuro, bem como é nela que se expressam algumas das piores
consequências das misérias deste sistema. Pode-se dizer que a
juventude é uma “caixa de ressonância” das tensões sociais de
cada época, estando nela a chave para pensar, perceber e, aliada aos
trabalhadores, mudar a realidade.
Pela aliança com os
trabalhadores para que os capitalistas paguem pela crise!
As gerações que nos
antecederam assistiram ao que muitos denominaram como o “fim da
história”, “vitória do capitalismo”, o “fim da luta de
classes”, ou seja, o que seria a vitória da evolução das
sociedades humanas com a estrutura econômica determinada pelo
sistema capitalista, e esta é uma das “verdades absolutas” que
são vendidas em todas as revistas, salas de aula, jornais e “grandes
meios intelectualizados” para desencorajar qualquer ideia de que é
preciso e possível a luta por outro mundo. A crise capitalista que
explodiu em 2008 revela, no entanto, a verdadeira face do
capitalismo, escondida atrás dos discursos democráticos dos
governos e da burguesia. Nos últimos meses a crise aprofundou
diversas medidas de ataques aos povos do mundo inteiro; do Egito à
Espanha, passando pela Grécia, Estados Unidos e América Latina, os
limites geográficos entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos
se reduziram com a chegada dos pacotes de austeridade, desemprego,
crises da previdência, etc. As partes envolvidas nesse jogo da
economia mundial ficaram mais evidentes: não se trata de limites
físicos, mas de classes sociais. De um lado os capitalistas, que
criaram a crise; de outro, a juventude e os trabalhadores, que têm
sofrido com as tentativas de lhes impor a duras penas os custos desta
crise.
Desde então, a
juventude tem se levantado, tomado as ruas em ondas de protesto É
essa juventude que reivindicamos como exemplo, aquela que não aceita
o “possível” que lhe impõe todos os dias a mídia, o trabalho,
a escola ou faculdade, os governantes, a Igreja, em suma, a ideologia
dominante.
Não estamos dispostos
a pagar os custos da crise para manter um sistema que se firma sobre
as costas dos trabalhadores, sobre as opressões contra negros,
mulheres, homossexuais e pobres e impõe a decadência, limitação e
miséria à grande maioria do povo trabalhador em benefício de uma
minoria.
Por defendermos a
aliança entre estudantes e trabalhadores, por defendermos o acesso
de todos ao ensino, com escolas e universidades públicas, sem
vestibular ou provas de acesso (para o que, faz-se necessária
estatização das corporações de ensino privadas), por defendermos
a liberdade sexual, o fim da opressão às mulheres e o fim do
racismo; por defendermos o fim da exploração aos trabalhadores, que
oferecem sua força de trabalho em troca de salários miseráveis
para que os capitalistas vivam na ostentação; por isso tudo é que
não nos resta alternativa a não ser lutar, junto à classe
trabalhadora, pelo fim desse sistema político-econômico que é
baseado em opressão e exploração.
Os tempos se
aceleram no Brasil
Diante de um período
conturbado em todo o mundo, o Brasil parecia estar seguro em sua
bolha de crescimento garantido e passividade. Entretanto, a economia
começa a se desacelerar, e no último período explodiram greves dos
operários da construção civil, denunciando as ingerências das
obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); luta contra
as ameaças de demissões massivas como no caso dos trabalhadores da
multinacional GM; paralizações, greves e ocupações de estudantes,
professores e funcionários públicos nas Universidades Federais,
expondo a superficial e precária criação de vagas em universidades
públicas com fins eleitoreiros. De um lado um sindicalismo
governista que não defende seus representados, as necessidades dos
trabalhadores; de outro (ou do mesmo!), o Governo Federal, que
reprime greves, faz corte de salário de grevistas, restringe o
direito de greve, abandona estudantes à precarização, reprime
estudantes e trabalhadores (inclusive utilizando o exército), ameaça
sindicatos e associações que se colocam em luta, e demonstra sua
disposição real de minar as demandas populares ao cortar o ponto
dos trabalhadores em greve, impedindo-os, na prática, de manter a
mobilização. Para um governo que se coloca como esquerda, fica
claro a quem quiser ver que - nos termos do Manifesto Comunista: “O
governo do Estado moderno não é senão um comitê para gerenciar os
assuntos comuns de toda a burguesia”.
Neste momento, entram
em greve os trabalhadores bancários, dos correios, e metalúrgicos,
que mostram um caminho para a juventude, e se puderem se unificar,
contra a linha da burocracia sindical, podem deixar clara a força
social dos trabalhadores!
Do questionamento da
universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes
Como parte de uma
ofensiva histórica dos governos, que buscam aprofundar a
privatização da universidade em benefício dos grandes empresários,
o reitor Rodas e seus mandantes no governo estabeleceram como
objetivo número um destruir a resistência dos trabalhadores e
estudantes que, de 2007 até hoje, têm se colocado em pé de guerra
contra a elitização e a precarização e que, desde então,
passaram por muitas lutas, mobilizações, ocupações, por um
direito que é de todo o povo trabalhador.
Se
apoiando num discurso hipócrita de que buscam garantir a “segurança
e excelência”, os magníficos administradores e o REItor, firmaram
convênios com a PM, restringiram a entrada do campus, aprofundaram
parcerias obscuras com empresas, avançaram na terceirização e
precarização do trabalho - criando um verdadeiro apartheid social
aos negros trabalhadores na USP -, ameaçaram de demissão setores e
ativistas trabalhadores e muitos outros exemplos de como esses
senhores procuram “preparar” a USP para a crise e torná-la um
exemplo de universidade para todo o Brasil.
Por uma juventude à
altura dos novos tempos!
Neste cenário de
grandes tarefas colocadas, convidamos a todos os jovens dispostos a
construir uma juventude revolucionária que esteja em pé de guerra
contra a exploração, submissão e miséria que este sistema de
opressão impõe aos trabalhadores e jovens. É com essa perspectiva
que nas universidades estaduais paulistas buscamos nos ligar à luta
dos setores mais explorados dos trabalhadores, como na exemplar greve
da União, e que nos colocamos na linha de frente uma luta contra a
PM na USP e também nas periferias, no ano passado; que lutamos pela
autoorganização, com comandos de delegados, que buscamos nos ligar
as greves que nacionalmente questionam o governo. Acreditamos que é
fundamental não só “agir”, mas refletir profundamente, sendo um
verdadeiro “centro de ideias” para a intervenção na realidade,
nos colocando a tarefa de lutar por todas as medidas que possam
questionar o caráter elitista e excludente da universidade e abri-la
aos filhos da classe trabalhadora e, além de seus muros, lutar para
contribuir com o avanço da consciência dos trabalhadores, e
aprender com esta que éa única classe que, organizada e consciente,
pode dar um fim profundo e definitivo a esta ordem de opressão
capitalista. A história não acabou; ao contrário, ao lado dos
trabalhadores, mostraremos como é possível FAZER HISTÓRIA!
Participe da
Plenária da Juventude Às Ruas no dia 29 de setembro!
0 comentários:
Postar um comentário