Em
seu pronunciamento no 7 de setembro, Dilma anunciou novas medidas
para tentar conter os efeitos da crise econômica no Brasil. Após a
redução da taxa de juros, desoneração de diversos setores com
redução de IPI e outras medidas, agora a presidente anunciou a
redução das tarifas de energia em até 28% para as empresas, o que
gerou uma grande comemoração de setores industriais, como o
monopólio do alumínio ALCOA.
Mas
o que está por trás da mudança do discurso da suposta “marolinha”
de Lula para as medidas de Dilma que tentam segurar a desaceleração
da economia? É que o governo do PT, assim como tem acontecido nos
EUA e na Europa desde os primeiros impactos da crise, tem planos para
garantir o lucro dos empresários e fazer com que a crise econômica
seja paga pelos trabalhadores, pela juventude e pelos setores mais
explorados e oprimidos da população.
É
isso o que vimos desde o começo do governo Dilma, com o corte de 50
bilhões no orçamento de áreas como saúde, cultura e demais gastos
sociais, enquanto a imensa bolada para o pagamento de juros e
amortizações da dívida permanecia intacta. Recentemente, o governo
deu o recado claro para a burguesia, aos empresários e também aos
trabalhadores, mostrando de que lado está: foi enérgico para
combater a heroica greve de cerca de 400 mil trabalhadores do
funcionalismo público, com corte de pontos, o decreto para
substituir funcionários em greve, e até mesmo criando o sistema
“Proteger”, inspirado na repressão da greve da CSN em 1988,
quando o exército matou três operários para sufocar a greve com as
botas da repressão respaldadas pela Lei de Segurança Nacional. As
repressões às revoltas operárias nas obras do PAC, em Jirau e
Suape, estão fundadas nessa tradição de manter a ferro e fogo a
superexploração dos trabalhadores brasileiros para garantir os
lucros da burguesia.
Os
capitalistas, confiantes com o apoio do governo do PT e os governos
burgueses dos estados e municípios, já começaram seus “ajustes”
para enfrentar a crise. Um dos maiores exemplos são as demissões,
lay
offs
(trabalhadores ficam em casa recebendo pelo FAT – dinheiro do
INSS!) e PDVs em inúmeras fábricas, como na GM de São José dos
Campos e a Mercedes Benz de São Bernardo. Para isso, outro aliado
importante dos empresários tem sido o sindicalismo chapa branca da
CUT e Força Sindical, que está costurando com o governo um dos
maiores ataques aos direitos dos trabalhadores em muitos anos: o ACE
(Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico), em que o
negociado entre os sindicatos e os patrões prevalecerá sobre o
legislado.
Diante
desta realidade em que os governos, a burguesia e a burocracia
sindical fecham seus acordos para fazer com que os trabalhadores
paguem pela crise, a juventude deve tomar uma posição firme ao lado
de cada luta que a classe trabalhadora trave para que a crise seja
paga pelos capitalistas!
Acabam
de se iniciar greves, dos bancários, dos ecetistas e dos
metalúrgicos. Em todos os casos, mais uma vez o plano da burocracia
da CUT e da CTB, que dirigem os sindicatos é de fazer greves
rotineiras para não se desgastar com suas bases, e que não sirvam
para combater a superexploração, o assédio, a terceirização e os
principais problemas que enfrentam os trabalhadores, inclusive de
setores da economia que, mesmo em meio a uma crise internacional,
apresentam lucros recordes! A Juventude
às Ruas!,
no ano passado, esteve lado a lado com os bancários e ecetistas, que
romperam a adaptação às direções burocráticas e levantaram
piquetes auto-organizados, colocando de pé um bloco combativo e
antiburocrático. É necessário que neste ano retomemos e
aprofundemos nosso apoio, resgatando ações como a reunião que foi
organizada pela Juventude
às Ruas!
na USP, levando os bancários para discutir com estudantes suas
experiências de luta, e também organizando apoio ativo dos
estudantes nos piquetes e atos, com faixas, panfletos, cartazes e
palavras de ordem de solidariedade, dando um pequeno exemplo de como
pode se travar a explosiva aliança operário-estudantil.
A
luta para unificar as lutas dos trabalhadores em curso, levando
também apoio ativo às universidades, escolas e outros locais de
trabalho, é um elemento fundamental para conseguir ajudar as greves
a triunfarem, e fazer com que estas sirvam de exemplo aos
trabalhadores que, certamente, sairão à luta diante das medidas
cada vez mais duras dos capitalistas frente ao desenvolvimento da
crise. Chamamos todos a se juntarem a nós, prestando solidariedade
ativa para que os capitalistas paguem pela crise!
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