Nesta segunda-feira, dia 26 de
novembro, 31 estudantes da UNESP de Franca receberam documento que os convoca a
prestar depoimento em processo de sindicância aberto pela diretoria da UNESP
para punir os estudantes que participaram do contra-ato em resposta a
realização do evento “A importância da Monarquia na Formação do Brasil”,
fazendo com que Dom Bertrand, herdeiro
da família real, e o jornalista Sepúlveda abandonassem o evento no campus de
Franca no dia 28 de agosto. Na ocasião, nós da Juventude às Ruas nos colocamos
na linha de frente da denúncia do papel que cumpria essa atividade ao propagar
as concepções reacionárias de dois dos maiores representantes da extrema-direita
brasileira. Dom Bertrand, além de defender o legado que sua família deixou para
a história do Brasil, como, por exemplo, ter organizado e garantido a
escravidão e a repressão aos negros, é um dos mais eloquentes representantes do
latifúndio no Brasil, chegando a defender abertamente a repressão aos
sem-terra, quilombolas e povos indígenas que lutam pelo direito à terra.
Sepúlveda, por sua vez, é um dos principais organizadores da TFP (Tradição,
Família e Propriedade), organização que cumpriu, a serviço do imperialismo
americano, papel ativo no processo de organização do Golpe Militar de 1964 e de
sustentação e legitimação do governo militar responsável pelas torturas e
assassinatos de centenas de militantes.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Pelo fim dos processos contra os 31 estudantes que se posicionaram contra a Monarquia e a TFP na UNESP de Franca! Abaixo a repressão nas estaduais paulistas e nas universidades e escolas em todo o país!
A burocracia universitária de
Franca, que já estava completamente comprometida com a atividade com a
participação do diretor da unidade, Fernando Fernandes, na organização do
evento, e a Reitoria da UNESP tomam uma posição clara em defesa dos interesses
do latifúndio, dos repressores, dos golpistas, dos monarquistas e de seus
representantes no governo de São Paulo. Mais uma vez faz jus à confiança que
seus amigos da classe dominante brasileira depositam na condução de um projeto
de universidade elitizada, racista, opressora e a serviço dos interesses dos
exploradores. O que explica posturas tão diferentes por parte da reitoria da
UNESP: uma pena tão leve e a conivência com os organizadores do “rodeio das
gordas” em 2010 (apenas cinco dias de suspensão a dois estudantes dentre os
mais de cinquenta que participaram), com os casos de racismo em
Araraquara; e, por outro lado, um mês de
suspensão a um estudante que combateu posições homofóbicas de um professor em
sala de aula, na mesma UNESP de Franca, e agora o rigor com que pretendem punir
os que repudiaram
os defensores da Monarquia e da Ditadura Militar?
Uma das maiores provas das
intenções conservadoras e retrogradas que motiva a ação da diretoria de Franca
e da Reitoria da UNESP é o conteúdo do artigo 161 do Regimento da UNESP que
está sendo utilizado para punir os estudantes. O artigo diz que constituem
ações disciplinares sujeitas a punição “praticar ato atentório contra a moral
de pessoas e aos bons costumes”!!! Neste caso, a "moral e os bons
costumes" defendidos pelos obscuros simpatizantes da monarquia já foram há
muito tempo rechaçados pela história e até repudiados pela maioria da população
brasileira em plebiscito realizado em 1993, onde o regime republicano saiu
vitorioso frente a monarquia com ampla margem de voto.
A repressão que hoje é lançada
contra os estudantes de Franca é um instrumento cada vez mais utilizado para
punir os que lutam por outra universidade, democrática e a serviço dos
interesses da classe trabalhadora e da maioria da população, simplesmente por
organizar uma festa ou discutir com um professor em sala de aula. Faz parte de
uma orientação defendida em São Paulo desde o Palácio dos Bandeirantes e pelo
CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas), e que
avança a passos largos principalmente na USP, com os emblemáticos casos da
demissão de Brandão, dirigente sindical do SINTUSP, e da entrada da PM e a
prisão de 73 estudantes em 2011, mas também em menor medida na UNICAMP. Em outros estados e a nível nacional, a linha
de aumentar a repressão também é levada adiante diretamente pelo governo
federal ou conta com a conivência de Dilma e Mercadante, como ficou claro na
prisão de estudantes da UNIFESP, durante a greve da UNIR em Rondônia no ano
passado ou quando da invasão da polícia à moradia estudantil da UNILA em Foz do
Iguaçu.
Do lado de fora dos muros das
universidades, a aumento da repressão também atinge os moradores das periferias
que sofrem nas mãos impunes da polícia herdeira da ditadura, os trabalhadores
das obras do PAC que são presos por lutarem por melhores condições de trabalho,
os povos indígenas como os guarani-kaiowá, os quilombolas.
Nós da Juventude às Ruas, que
estamos entre os estudantes processados em Franca, nos lançamos na defesa
destes e fazemos um amplo chamado às entidades estudantis da UNESP para
organizarmos uma ampla campanha democrática contra os processos em todos os
campi e contra os demais ataques recentes da Reitoria, como a implementação de
um estatuto autoritário e repressor nas moradias, ou ainda a inclusão de critérios
meritocráticos nas bolsas de caráter socioeconômico. Convidamos também todos os
professores e trabalhadores da UNESP que não compactuam com as práticas
autoritárias e inquisitórias levadas pela Reitoria e pelas diretorias a
manifestar seu repúdio aos processos contra os 31 estudantes! Estendemos este chamado também às entidades
das estaduais paulistas e de todo o país, em especial a UNE e ANEL, para
construirmos uma campanha nacional pela imediata anulação de todos os processos
contra estudantes e trabalhadores nas universidades e escolas! Campanha esta
que deve ser parte da luta mais ampla contra a repressão aos lutadores, aos
sindicatos, movimentos sociais e organizações políticas de todo o país!
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