Encerraram na última
quinta-feira (06) as eleições para o Diretório Central dos Estudantes – Mario
Prata da UFRJ, entidade máxima de uma das maiores universidades do país, em um
universo de mais de 40 mil estudantes.
Ganhou a chapa da
esquerda “Quero me livrar desta Situação Precária”, composta por Nós Não Vamos
Pagar Nada (RUA-PSOL e independentes), Correnteza (PCR) e UJC (PCB),que eram
parte da última gestão, somados ao Coletivo Marxista e Não Vou me Adaptar (PSTU
e independentes), com mais de 1000[1] integrantes, saiu com um saldo de 74% dos
votos válidos (7612 votos), barrando a chapa branca da UNE (Kizomba e UJS).
A chapa da
esquerda focou sua campanha na
assistência estudantil e permanência. O apelo, e por isso, a alta votação se
deve à realidade da universidade hoje. Sem vagas para o Alojamento, que por sua
vez está caindo aos pedaços, sem a possibilidade de se alimentar em
restaurantes universitários e com o transporte caro, faz com que estudar, mesmo
em uma universidade pública, continue sendo um privilégio para poucos,
aumentando as evasões.
Um estudante de baixa
renda ou filho de um trabalhador, como é a maioria da população, depois de
passar pelo ENEM e SISU tem que passar por outro teste, manter-se dentro da
universidade por conta própria, sem contar com apoio da instituição.
Governo perde novamente
A Chapa 1, uma correia
de transmissão da política educacional do governo Dilma, cumpriu seu papel
empurrando goela abaixo a versão fantasiosa da política educacional do governo
PT como a “grande democratização do ensino superior”. De fato, aumentou
parcialmente o acesso ao ensino superior público, mas o que a chapa do governo
não diz é que esta política está subordinada à condição seguir defendendo os
interesses capitalistas.
Aumentaram as
privatizações dentro das universidades, abrindo espaço para as fundações e
investindo em cursos pagos, destinando quantias milionárias aos grandes
monopólios da educação como Kroton-Anhaguera. Ao centrar todos os seus esforços
para esconder estes fatos, os governistas estão em oposição à realidade de
milhões de jovens, filhos de trabalhadores, de baixa renda, negros, que ainda não
tem acesso à educação pública, ou que tem que pagar por este direito, ou que,
quando conseguem ter acesso, não tem condições materiais para se manter dentro
da universidade.
A caricatura desta
mesma política se repete ao defenderem os royalties do pré-sal para a educação,
omitindo para os estudantes que estes royalties vêm de uma das maiores
privatizações da nossa história recente, com o PT batendo o recorde dos tucanos
em número de áreas que foram leiloadas, inclusive a maior de todas, o campo de
Libra. Ainda assim, conseguiram se aproveitar do desgaste do DCE, arrancando
alguns votos contra uma gestão que dura 7 anos, terminando com 26% dos votos e
reavendo uma das quatro cadeiras que haviam perdido no conselho universitário
em 2013. Pesa nesta conta o fato de que a maioria dos votantes não viveu a
experiência de ter um DCE funcionando como pau mandado do Governo Federal e da
Reitoria, como é a UNE hoje.
Nem nas jornadas de junho este DCE saiu do
imobilismo, construir um movimento pelas reivindicações dos estudantes!
Em uma das cidades
mais caras do país, a parte da burocracia universitária responsável, entre
outras coisas, pelas bolsas de acesso e permanência (que sempre atrasam, às
vezes meses), aconselha em nota oficial para os que fizeram ENEM, que se, caso
dependessem da assistência, deveriam tentar outras universidades, para
conseguir manter os estudos.
Em 7 anos de gestão,
ou durante a efervescência de junho, as correntes que compõe esta chapa não
usaram a entidade para impulsionar assembléias nos cursos, se abstendo do
combate contra o imobilismo do Movimento Estudantil. Este imobilismo continuou
durante as greves que atravessaram o primeiro semestre em nossa cidade, e mesmo
na defesa de interesses estritamente estudantis como as bolsas e alojamentos.
Para nada disto vimos o DCE se movimentar e buscar organizar assembleias,
movimento estudantil.Defendemos que, para barrar os ataques, como enfrentam os
estudantes do Alojamento, não basta que se mobilize uma somatória dos CAs para
pressionar alguma reunião de conselho universitário. As entidades devem servir
de ferramenta para organizar a luta, através de assembléias nos cursos, espaços
de deliberação mais amplos, necessários para forjar uma nova tradição de
movimento, democrático, e pela base, que busque a massificação de suas
demandas.
Para sermos
consequente em barrar os ataques, os estudantes que votaram e militaram pela
Chapa 2, os coletivos e os 1000 integrantes que compuseram a chapa, devem se
colocar o desafio de forjar um movimento estudantil que cerre fileiras, ombro a
ombro com os trabalhadores dentro e fora da universidade, como nós da Juventude
às Ruas fizemos fomos parte de uma pequena fração do movimento estudantil junto
aos trabalhadores na greve vitoriosa da USP. Este pequeno exemplo ilustra o que
o movimento estudantil, sob outra concepção pode fazer.
Por isso defendemos
que os CAs e o DCE, junto ao lado dos 1000[1] integrantes da chapa 2 devem ter
a ambição de ampliar o movimento estudantil e organizar a luta a partir de
assembléias nos cursos, aonde a base seja sujeito ativo na tomada de decisões e
nas ações que decididas democraticamente nestes espaços. Para que o programa de
assistência e a permanência seja aplicado integralmente, e não à conta-gotas e
à depender da boa vontade da burocracia universitária. Força para isto existe.
Agora resta saber se esta vitória contra o governismo será um passo adiante
para colocar um novo movimento estudantil em ação ou será a continuidade de
mais um ano destes 7 anos de uma gestão apática. O primeiro e elementar passo é
a realização de assembleia e reuniões por unidade!
[1]Segundo http://anelonline.com/?p=2122 .
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