Por Pardal, estudante da USP e militante da Juventude às Ruas.
Reitor Zago fala na mesa da calourada do DCE |
São mais de 500 membros na chapa
que diz querer “virar a USP do avesso”. O que nenhum destes membros diz é que
os grupos políticos que compõem sua chapa, PSOL e PSTU, estão há quase dez anos
no DCE – com exceção de 2007 – e nada
mudou!
Agora, passam nas salas dizendo
aos estudantes que, se não votarem neles, “a direita vai ganhar”. Têm a
esperança, com este discurso do medo que evita discutir o programa de qualquer
uma das outras seis chapas de esquerda, de conseguir enganar os calouros e os
que estão no segundo ano; porque qualquer outro estudante da USP que tenha
participado de uma eleição de DCE já conhece a farsa de seu “terrorismo do voto
útil”. Em 2012, quando disseram que “a direita pode ganhar!!!” esta direita sequer
ficou em segundo lugar nas eleições. Por outro lado, quando propomos uma gestão
proporcional, eles são contra. Uma gestão proporcional acabaria com seu
discurso do voto útil e com seu monopólio sobre uma entidade que deveria ser
dos estudantes, e não uma corrente de transmissão das políticas de uma chapa
que hegemoniza a gestão. O que eles não querem é que o DCE deixe de ser
exclusivamente “seu”, um aparato com o qual podem fazer a política que bem
entendam, pelas costas dos estudantes inclusive, já que se recusam a convocar
assembleias e quando as convocam frequentemente boicotam suas deliberações.
Dizem querer mudar a USP do
avesso, mas quando os estudantes se levantaram aos milhares no ano passado,
exigindo democracia na USP e votando em assembleia pela dissolução do Conselho
Universitário, o DCE continuou apenas querendo votar pra reitor. Quando mais de
700 estudantes rechaçaram em assembleia a sua proposta de acordo de fim de
greve que concordava com a punição dos estudantes, eles simplesmente boicotaram
a continuidade da greve com todas as suas forças. Comemoravam como exemplo os
cursos que saíram da greve com a conquista de pequenas demandas parciais, que
logo no dia seguinte foram retiradas pela reitoria.
Eles querem virar a USP do
avesso, dizem, mas em meio às eleições, quando os trabalhadores terceirizados
foram protestar em frente à reitoria para receber seu salários atrasados, eles
continuaram rotineiramente em frente às urnas, com seus panfletos, sem
mencionar aos estudantes a existência de uma greve de trabalhadores
precarizados que sequer recebem seu salário de menos de 800 reais.
Como virar a USP do avesso sem
questionar sua estrutura de poder? Como virar a USP do avesso sem questionar o
trabalho semiescravo que persiste cotidianamente nela? Como virar a USP do
avesso sem questionar o seu acesso, quando o vestibular continua mantendo de fora
toda a juventude trabalhadora e negra que sustenta esta universidade? Como
virar a USP do avesso mantendo a mesma prática política rotineira e adaptada
que vêm mantendo há pelo menos dez anos?
Chamamos todos os estudantes a
não caírem no engodo do “voto útil”. A eleição para DCE é um momento de
expressar um posicionamento político diante da situação desta universidade e
seu papel social. É hora de dizer, como dissemos em junho, como disseram os
garis, que não vamos mais manter nossas cabeças baixas aceitando mais do mesmo.
Precisamos de um DCE novo, que tenha efetivamente vontade de transformar
radicalmente a universidade aliando-se aos trabalhadores!
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