Na madrugada do dia 31 de julho a polícia fez mais duas vítimas em nome
da ordem, assassinou Alex Dalla Vecchia Costa e Aílton dos Santos.
Jovens trabalhadores do ABC de São Paulo, um marmorista e outro
organizador de eventos, por praticarem a pichação.
A pichação é um misto de arte e entretenimento. Ao mesmo tempo em que é a
expressão dos sentimentos e aspirações de um artista, é também encarado
como simples diversão. Para suprir a necessidade de se expressar e se
entreter, essenciais de todo ser humano, muitos jovens decidem pichar.
Por ser muito popular entre a juventude da periferia acabou por ser um
dos pilares do movimento hip-hop.
Ao subirem em um prédio da Mooca para escrever JETS e ANORMAL (suas
marcas), Alex e Aílton foram surpreendidos pela PM, que os matou a
tiros. Contra as armas tinham apenas latas de spray. Os policiais
forjaram uma cena de assalto, escondendo as latas e "achando" duas armas
de fogo.
Essa polícia que matou Douglas Rodrigues na ZN, reprime a greve da USP,
prende ativistas e impede os metroviários de lutar, foi montada durante a
Ditadura Militar para o controle populacional da juventude negra e
disciplinamento da classe trabalhadora. Como a "democracia" conservou
intacta a estrutura repressiva dos militares, a polícia continua impune.
O Estado garante, no máximo, algum período de cela para os policiais e a
infinidade do caixão para a juventude. Por isso não podemos confiar na
justiça burguesa, que prendeu os dois policiais no dia seis de agosto
até a poeira baixar. Exigimos que todos os policiais envolvidos nos
assassinatos sejam punidos e que cesse a repressão aos trabalhadores.
Alexandre Costa
Professor da rede pública
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