Por Juventude às Ruas Campinas
Desde terça-feira, 30 de abril, os trabalhadores da
Mabe-Campinas, multinacional mexicana de produtos da “linha branca” -
fogões e geladeiras -, estão acampados em frente a sede central da empresa no
distrito industrial de Campinas[1] depois de serem informados que a
metalúrgica iria retirar máquinas e equipamentos da unidade. Também no último
dia 3, a multinacional decretou pedido de recuperação judicial[2] para as suas operações no Brasil
como forma de evitar falência e junto a isso, anuncia o fechamento de sua
unidade em Itu[3]com a imediata demissão de 1300
trabalhadores (número ainda não confirmado pela empresa). A patronal “concedeu” férias
coletivas e antes dos trabalhadores voltarem queriam tirar o maquinário
(ferramentaria) durante a noite para depois diminuírem a produção
(reestruturação produtiva, demissão para os operários) ou diretamente fechar as
portas como conseguiram fazer em Itu.
A rápida ação dos
trabalhadores junto a seu sindicato na porta da fábrica impediu que os
equipamentos fossem retirados da unidade fabril e evitou uma clara tentativa da
empresa de impedir que os trabalhadores pudessem voltar ao trabalho, uma
demissão disfarçada ao inviabilizar a produção. O fechamento da fábrica da Mabe
em Itu é mais um fato que se soma as recentes demissões da GM de
São José dos Campos e ao fechamento de inúmeras fábricas no país desde o
início da crise econômica mundial em 2008. A Região metropolitana de Campinas é
uma região com grande concentração industrial e de empregos na indústria,
não escapa a essa tendência e vem passando por milhares de demissões
todos os anos, mais um exemplo de que o Brasil não é uma ilha em meio à crise
econômica e que não reage mesmo com as medidas de desonerações (redução do IPI
e incentivo de crédito para compra de eletrodomésticos) para o setor de
produção de “linha branca” anunciadas pelo governo Dilma, medidas que
renunciam a arrecadação de impostos em benefício dos interesses dos
empresários, numa tentativa até o momento infrutífera de incentivar o consumo e
o investimento numa indústria que passa por uma crise e que vem relativamente
estagnada desde meados de 2011. As demissões e os fechamentos são uma
forma de preparação dos patrões frente aos efeitos da crise em seus mercados
consumidores e no Brasil.
As demissões e
fechamentos da Mabe Brasil são uma expressão de uma reação internacional dos
patrões no sentido de uma reestruturação das fábricas para realocar a produção
a nível mundial numa tentativa de recuperar seus lucros e evitar o inevitável
para muitos capitalistas: a bancarrota em meio a uma crise histórica do
capital, que vem reduzindo o consumo das famílias e exportações, da Mabe para
seu principal mercado, os EUA, mas que também afeta a América Latina de modo
que o ônus da crise seja pago pelos trabalhadores, forçando a redução da
produção, o corte de custos, via demissões, redução e arrocho nos salários e a
imposição de contratos flexíveis (terceirização) que infelizmente, muitas vezes
contam com o apoio das centrais sindicais como a CUT. É preciso denunciar o
papel que a universidade pública, como a Unicamp, cumpre junto a multinacionais
como a Mabe, ao ter a geração de seu conhecimento financiada e voltada aos
interesses dos capitalistas para a produção de patentes e inovação, e ao formar
os quadros que irão gerir e chefiar essas empresas. Nos colocamos em luta ao
lado dos trabalhadores contra esse projeto de universidade privatista, elitista
e racista que exclui o conjunto da população pobre e negra da geração de
conhecimento e não atende suas necessidades.
Desde a Juventude às
Ruas Campinas, declaramos a mais ampla solidariedade à luta dos metalúrgicos da
Mabe de Campinas contra as demissões e o fechamento das fábricas de Itu, Hortolândia
e Campinas. Pois as lutas da classe trabalhadora são também do conjunto da juventude,
somente a partir de uma aliança estratégica operário-estudantil que será
possível uma transformação radical da educação e da universidade para que esta
esteja de fato voltada aos interesses da classe trabalhadora e aberta a toda a
população e que não sirva, como é hoje, aos interesses dos patrões, das
multinacionais. Que os capitalistas paguem por sua crise, que se ataquem os lucros
dos capitalistas e não os salários e os empregos dos trabalhadores e
trabalhadoras. Nenhuma
redução de emprego nas plantas da Mabe! Contra o
fechamento das unidades fabris da Mabe, que estas sejam geridas pelos próprios
trabalhadores e que as horas de trabalho sejam repartidas para garantir os
empregos para todos.
[1] Leia mais: http://www.metalcampinas.com.br/index.php/component/k2/item/1632-mabe-fecha-f%C3%A1brica-em-itu-interior-de-s%C3%A3o-paulo; http://empresascampinas.blogspot.com.br/2013/05/mabe-fecha-as-portas-na-cidade-de-itusp.html
[2] Antiga concordata,
recurso para evitar a falência, que a empresa declara junto a justiça, para
conseguir postergar o pagamento de suas dívidas que não possui liquidez
(dinheiro em caixa) para quitar junto as seus fornecedores, acionistas e/ou
trabalhadores. A Mabe (que no Brasil, atua por meio de joint-venture com
a General Eletric – GE dos EUA, dona das marcas de fogões GE, Continental
e Dako) anunciou fechamento de unidade de Itu com a justificativa de
reestruturação como último recurso para se recuperar de suas dívidas e se
manter no país, antes de fechar/vender todas suas 5 unidades (em Campinas, Itu e Hortolândia) e demitir cerca de 4
mil trabalhadores no Brasil e voltar para o México.
[3] Veja telegrama
enviado aos trabalhadores demitidos da Mabe Itu: http://empresascampinas.blogspot.com.br/2013/05/telegrama-enviado-funcionarios-que.html
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