por Guilherme Kranz, estudante de Letras da USP
"Não, não tem arrego! Contra a tarifa eu vou pra rua o ano inteiro!" Esse é o clima que dá o tom para esse início de ano! |
O
aumento das tarifas de ônibus e metrô na cidade de São Paulo e nos municípios
ao redor tem desencadeado uma série de protestos. No dia 16 de janeiro milhares
de jovens e trabalhadores foram ao centro da cidade de São Paulo protagonizar o
segundo grande ato contra o aumento da tarifa. Uma vez mais a população se
rebela contra esse ataque desferido pelo governo de Geraldo Alckmin e pelo
prefeito Haddad para demonstrar toda a indignação daqueles que sofrem no
transporte público todos os dias. Janeiro de 2015 já está sendo um mês de luta
e a resposta dos governos têm sido a mesma de sempre a todos que se levantam
contra o atual estado de coisas: repressão brutal.
Ocupando o coração da cidade,
caminhando da Av Consolação até a prefeitura da cidade, os milhares de
manifestantes foram reprimidos constantemente pela Polícia Militar. Como se não
bastasse o policiamento ostensivo antes do ato começar, com revistas a inúmeras
pessoas que caminhavam pelas proximidades, a polícia reprimiu gratuitamente os
manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral e balas de borracha.
Diversos ativistas foram feridos em frente a prefeitura e pelo menos 13 foram
detidos, já liberados.
A polícia que reprime as manifestações
é a mesma polícia que reprimiu violentamente a greve dos metroviários no ano
passado que lutavam por seus direitos e pela redução da tarifa (e que hoje mais
de 40 seguem demitidos pelo governo Alckmin). É a mesma polícia que mata
cotidianamente nas periferias o povo pobre e negro. A polícia do Estado de SP é
uma das polícias que mais mata no mundo. Sabemos que enquanto levamos balas de
borracha no centro da cidade, na periferia a polícia mata desenfreadamente. Por
isso devemos lutar contra a repressão, não apenas nos atos e nas greves como
também nos morros. É tarefa nossa lutar pela readmissão imediata dos
metroviários demitidos por lutar. Trata-se de uma perseguição política
inadmissível que indigna a todos.
Mas nem a chuva nem a repressão vão
conseguir frear nossa vontade de mudar. Mesmo debaixo de um calor desigual, a
população de SP mostrou que está com disposição para lutar. Os manifestantes
atravessavam o centro da cidade entoando "Não, não tem arrego! Contra a
tarifa eu vou pra rua o ano inteiro!". Esse é o clima que dá o tom para
esse começo de ano. Sabemos também que a redução da tarifa não é suficiente
para resolver os problemas do transporte público hoje. Apenas com a aliança
entre os trabalhadores dos transportes e a população usuária é possível retirar
das mãos dos grandes empresários, verdadeiros mafiosos, e estatizar todo o
sistema de transporte colocando-o sob controle operário. Apenas com essa
aliança conseguiremos efetivamente dobrar os governos do PSDB e do PT e acabar
com o privilégio daqueles que lucram em cima da população esmagada como
sardinhas no transporte público todos os dias. Na terça feira, dia 20 de Janeiro, às
17h na Praça Silvio Romero, próximo à estação Tatuapé, haverá o terceiro grande
ato contra o aumento da tarifa. Chamamos toda a juventude e os trabalhadores
para participarem deste ato e aumentar o caldo desta luta que está apenas
começando. Amanhã vai ser maior!
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