terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A luta estudantil nas universidades particulares

Por Sérgio Nascimento, Estudante de História da UNAMA e militante da Juventude as Ruas/ANEL (Belém -PA)





Uma concepção um tanto limitada do movimento estudantil acha que a luta pela qualidade no ensino superior se resume às instituições públicas, devido à falta de estrutura adequada e os baixos investimentos dos governos estaduais e federal. É importante consideramos que, por causa da concorrência, há uma extrema desigualdade social no preenchimento das vagas nas universidades públicas. A juventude da periferia, não tem acesso ao conhecimento necessário para se igualar, na concorrência dos vestibulares, com os jovens de classe burguesa que tem condições de pagar os melhores cursinhos, o que acaba por dificultar ainda mais a o acesso do jovem pobre ao ensino superior, apesar das cotas que ainda não são suficientes.

Neste um ano que faço ensino superior, passei por duas instituições particulares, onde conheci verdadeiros trabalhadores, e pude perceber que eles não tinham tempo a perder, suas realidades demandavam urgentemente um diploma para melhorar de vida, e não dava pra esperar mais um, dois ou três anos se preparando para o vestibular das públicas, e enriquecendo os bolsos dos empresários donos de cursinhos. Por isso, estudar em uma instituição particular acaba sendo a única opção.

Embora tenha suas especificidades, muito tem em comum a luta estudantil nas públicas e particulares. O ensino privado deixa muito a desejar em aspectos estruturais, como a insuficiência e desatualização no acervo das bibliotecas, laboratórios de informática com poucos computadores — e ainda não são todos que funcionam —, além do aumento das mensalidades e taxas que não é proporcional ao aumento da qualidade do ensino e das bolsas de pesquisa, extensão e monitoria; e a falta de democracia nos conselhos superiores.

Considerando que a maioria dos estudantes do ensino superior está nas particulares, é fundamental que entidades como a ANEL organizem sua atuação de luta contra esses aumentos absurdos que só fazem enriquecer mais os empresários dessa área, construindo assim um movimento estudantil mais forte em favor da estatização do ensino.

Recentemente o descredenciamento da Universidade Gama Filho e UniverCidade, administradas pelo Grupo Galileu, no Rio de Janeiro, são exemplos claros da crise que está instalada há muito tempo no ensino superior privado, que agora começa a tomar forma. Mesmo com muita mobilização e luta dos estudantes, o Palácio do Planalto, com o apoio dos reitores da UFRJ, UFF e UniRio, o governo Dilma resiste em não ceder a federalização dessas universidades, mostrando seu descaso com os professores, servidores e estudantes que estão no olho da rua.

Na Universidade da Amazônia (UNAMA), onde estudo, o Diretório Central de Estudantes protagoniza uma luta histórica contra o descaso dos mantenedores, conquistando algumas vitórias como os equipamentos de projeção áudio visual nas salas, o fim da taxa da prova de recuperação e outros.



Ontem (30/01), o DCE junto com a participação de alguns CAs da Unama, também com a participação do DCE-IESAM e coletivo estudantis, caminharam pelos corredores do Campus Alcindo Cacela, cantando palavras de ordem e chamando os estudantes para se somar ao ato. E assim seguiu uma grande caminhada com mais ou menos 200 pessoas em direção à reitoria, onde protocolamos uma pauta de reivindicações e solicitando esclarecimentos sobre a venda da universidade que segue por debaixo dos panos.

A luta dos estudantes na Unama é exemplo que é possível mobilizar os estudantes das particulares, que também estão cansados dos aumentos abusivos nas mensalidades e taxas. 

LUTAR POR EDUCAÇÃO PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE, TAMBÉM É LUTAR NAS PARTICULARES! Se hoje atuamos no movimento estudantil, certamente é para construir uma sociedade diferente, mais justa. Por isso devemos seguir mobilizando, conscientizando e lutando pela qualidade do ensino, seja ele público ou privado, lutando contra a farra dos mantenedores de universidades particulares, contra os aumentos, e construir um movimento combativo e de lutas.

‪#‎ONovoPedePassagem‬!!! ‪#‎PelaEstatizaçãoDoEnsino‬‪#‎PeloFimDoVestibular‬

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